segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Olha para a janela. Seja qual for. Não precisas de um sítio específico para olhar o mundo e para deixares que ele olhe para ti. Abre a janela do teu quarto, abre a janela do teu mundo e, mais do que tudo, abre a janela do teu coração. Alargar os horizontes leva-nos à descoberta de muito mais do que aquilo que o Mundo nos tem reservado até então, portanto não hesites em dar atenção a cada pormenor.
Chove, lá fora. A brisa passa, acentuadamente fresca, e toca a pele de cada um, deixando uma marca arrepiante, qual fantasma do Inverno. São, deste modo, gélidos e cortantes, que passam agora os dias, à velocidade de um animal cansado, que, ainda assim, insiste em correr.
Está o mundo numa azáfama. Quebra-se a ética, perde-se a justiça, perdem-se os valores, e as pessoas – que dantes se encontravam – agora andam aos encontrões. E é só para aqueles que demonstram ter sentidos mais apurados que são palpáveis as coisas mais belas da vida. Aquelas que ainda existem.
Se estivermos atentos, ao fim da rua, como quem vê mas não quer ser vista, está uma menina, que não sabe até que ponto quer ser chamada de mulher.
No seu rosto, deslizam suavemente gotas provenientes dos seus próprios olhos, porque se é verdade que o tempo chove quando está triste, então também a nós pertence tal tempestade, tantas vezes interior. 
No entanto, porque quem espera sempre alcança, dali a um pouco surge uma transformação. O sol nasceu, ainda que atrasado, tão sorridente como se estivesse sempre acordado.
E a menina, de uma beleza que espanta, já esboça um sorriso que encanta. Está certa de si e não se lembra de mim. E o Mundo é mesmo assim. Até os mais certos estão certos que a incerteza existe – e é tão certo como tudo o resto. Por isso, na incerteza entre o certo e o errado, vê se sorris, e faz o que te fizer feliz.


terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Preocupa-me que a noite seja escura. E que a vida assim o seja tantas vezes. Tantas quantas sinto a tua falta. És mais que diamante em bruto, tal valor incalculável. És mais do que o verbo ser pode definir; nem há adjetivos - por mais que possam surgir. 
O amor é bipolaridade, e hoje encontro-me no pólo maníaco. Acredito que somos o tudo e o todo. Que somos o mundo e mais além. Que somos o que ainda não existe ou, pelo menos, que ainda não conhecem, meu segredo precioso. Gosto de esconder-te para mim, e ter-te bem perto. Gosto do calor que emanas e que torna o meu inverno um pouco mais verão. Gosto de ti em quantidades que nenhuma balança pode pesar porque continua, continua e continua (...)

sábado, 13 de dezembro de 2014


Começamos por nos sentir mal e projetamos as culpas em todas as outras razões possíveis. Deitamo-nos, choramos, sentimo-nos atropelados pelos sentimentos. Uma quantidade avassaladora de emoções nos ocupa, tantas quantas são impossíveis de gerir - e nem sequer lhes sabemos dar nome. 

Não há nome para o sofrimento e concordamos que nem sequer se deveria chamar assim. Que é mais do que isso, tal onda de tristeza que nem surfista sabe dominar. A dor é grande, e pensamos tantas vezes em como três letras se conseguem propagar tao facilmente num corpo tão alargado e complexo como o dos seres humanos. 
Haverão sempre coisas por explicar - e é melhor que assim seja. Às vezes, a ignorância e a indiferença são as melhores maneiras de nos defendermos. Fecharmo-nos no nosso quarto, no nosso refúgio e desabar. Sabemos, assim, que no fim iremos ganhar forças e, quiçá, ter também a força de enfrentar. Porque é preciso cair, para saber levantar.



sábado, 28 de abril de 2012

Tudo o que vejo, hoje em dia, são pessoas desesperadamente à procura de alguém. De alguém da sua idade, que preencha os seus critérios de beleza, que seja da mesma rede telefónica e que esteja tão desesperado como quem o procura.
Esquecem-se os carinhos, tudo o que já construíram noutro lugar e, ao primeiro obstáculo, deixam tudo para trás. São poucas as pessoas que sabem o que querem e são muito menos as que sabem lutar por aquilo que querem.
Hoje em dia, o difícil tornou-se sinónimo de impercorrível e os caminhos menos fáceis não são mais opção.
Tudo isto porque, na verdade, as pessoas têm medo de ficar sozinhas. Têm medo de lutar e nunca à meta chegar. Têm medo de sofrer, sofrer, sofrer e isso de nada valer. Por isso, escolhem o caminho menos longo. Escolhem a pessoa menos difícil, a batalha que exige menos esforço. E quando a vida volta a complicar, voltam a largar tudo, a apagar sentimentos num segundo e a procurar os outros caminhos mais fáceis do mundo.
O pior é que, às vezes, a sua verdadeira felicidade não anda por aí. Ficou parada, estática no mesmo lugar onde um dia a deixou. Só porque, como já era de esperar, o caminho a percorrer para ficar com ela sempre era uma batalha demasiado complicada. E mais uma vez, teve medo de perder essa guerra e ficar sozinho.
Pode parecer estranho, mas é por isso que eu gosto de lutar.
Porque eu também tenho medo de ficar sozinha. Mas mais do que isso, tenho medo de ter alguém e, mesmo assim, me sentir sozinha.